quarta-feira, 27 de maio de 2015

Causos

O QUE É UM CAUSO

Causo é uma história (representando fatos verídicos ou não), contada de forma engraçada, com objetivo lúdico.Muitas vezes apresentam-se com rimas,trabalhando assim a sonoridade das palavras.São conhecidos também como causos populares e já fazem parte do folclore brasileiro.

Exemplo de causos populares: o causo do burro, a história de Zebedeu,etc.
Por Dicionário inFormal (SP) em 04-05-2000.

 São relatos orais e tradicionais de contornos que têm aparencia de serem verdadeiros e com fatos relacionados ao mundo maravilhoso e do sobrenatural. Podem mencionar fatos possíveis, como também podem mencionar animais dotados de qualidades humanas e episódios com abstração histórico-geográficos, como por exemplo criar um mundo e uma data diferentes do mundo real.

(Ex: A história do Burro Falante,  O reino das águas claras )

http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=200810080


         CAUSOS DO ZEFERINO 
        Autora:Maria José Macêdo
        PRIMEIRO EPISÓDIO:
    O MONSTRO DO BURACO MAL ASSOMBRADO

Narrador  - O Zeferino é um contador de causos, de histórias reais e inventadas. Dizem que seria o melhor contador da região, não fosse as trapalhadas do Duquinha, menino engenhoso, que sempre dava um jeito de entrar nas histórias e nos causos do Zeferino.
Vamos ver um pouquinho dessas trapalhadas?
Zeferino _ Homem mais velho, cabelos grisalhos saindo por baixo de um chapéu, roupas folgadas:
             - Oi pessoal! Meu nome é Zeferino e tô aqui pra contar uns causos pra ocês. E tem cada causo de arrepiar. Se bem que os causos mais doido mesmo é do menino Duquinha. O danado inventa cada conversa atravessada e ainda diz que é de verdade. Parece coisa de imaginação, coisa de outro mundo e o traquina afirma que viveu aquilo tudinho. E tem mais! Quer que a gente acredite e ainda diga que também tá vendo tudo que é maluquice que ele diz que vê.
Duquinha_ Menino magrinho, idade entre seis e dez anos, cabelos vermelhos e arrepiados, olhos grandes, badogue pendurado ao pescoço,vestindo camisa de quadro e bermuda curta, folgada e com suspensório.
        - Seu Zé.....Seu Zé......ou seu Zeferino? Seu Zeferino cadê o senhor seu homem? ( voz do  menino Duquinha, com entonação de medo).
        - Falar no cão, aparece o rabo! Num falei? Pois oia aí o danado do menino! (olhando pra trás): Vem cá Duquinha que quero te contar uma história que acabei de saber! Anda menino, cadê tu, criatura serelepe?
        - Oi eu aqui seu Zé, ( fala ofegante com entonação de medo), mas agora não posso, preciso me esconder. Ligeiro seu Zé, ligeiro homem de Deus, me esconde aí vai!!!
        _ Escondê de que menino, num tô veno nada! deixa de invencionice muleque!
        _ Corre seu Zé, anda logo ou o troço pega o senhor também!
        - Ou conta o que é, ou não escondo!
        _Tá bom, tá bom. - Eu ia saindo de casa escondido pra mãe não brigar. Aí vim por aquele caminho que tem o buraco fundo,aquele buraco onde jogava bicho que morria e ficou mal assombrado. Só vim por ali pra ninguém me vê. Eu nem tava com medo. Mas seu Zé Quando eu ia passando perto do buraco, aí que escutei aquele barulho horrível, sabe?
        - Num sei de nada não, muleque, mas que baruio era esse e quem  é que tava fazeno o tá do baruio?
        -Quem tava fazendo o barulho eu não sei, mas era um grito de gente misturado com uivo de lobo, miado de gato,pio de curuja e barulho de pisada de dinossauro.
        -Mas que diacho de grito era esse Duquinha?
        -Corre seu Zeferino, corre home de Deus, me esconde logo que o monstro tá vindo aí!
        -Que ta vindo que nada, como é que ocê sabe que é monstro? Ocê viu o tal negócio?
        _Vê eu não vi não né, mas o que mais podia ter um berro tão tenebroso, tão assustador, tão monstruoso?
    Barulho como batidas em uma porta, acompanhadas de uma espécie de grunhido.
        Toc, toc..........rrrrrrrerrriumm..........
Duquinha se agarra a Zeferino em movimento brusco, com expressão de terror e grita com voz de muito medo:
        - Abre não Seu Zeferino, abre não, pelo amor de Deus! Deve ser o monstro, é ele, tem que ser ele, pelo amor de sua mãe, não abra essa porta!
    Outra vez lá fora:
    Buom....buom....buom......
    - Ahrrrrrrrrrarrrrrrrrrarrrrrrrra ( som de risada ).
    Voz de menina.
    - Abre essa porta gente, sou eu, Miguelina!
Miguelina, menina morena, seis a dez anos, vestida com vestidinho colorido e cabelos de trança, é neta de Zeferino e colega de Duquinha.
Zeferino abre a porta e em tom de brincadeira ou galhofa:
    - Entre minha neta, ocê veio trazer o monstro do Duqinha?
    - Que monstro vô?
O monstro aparece por traz deles e........
uaiiiiuuuuuuuuuuuuuumiauuuuurnnnetummmmmmiauuuuuuuuuuuupraprapratuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu...........................
Todos olham para traz e o monstro desaparece. Duquinha apavorado grita:
    -É ele Seu Zé, é o berro dele seu Zé, corre gente, é ele, é ele .... e fica repentindo com voz sumida : ele...ele....ele.. cadê ele...cadê ele......
E outra vez a voz do monstro. UUUUUUUUUUUUUUUUUUU.......
Todos olham outra vez para traz e desta vez gritam todos juntos:
O MONSTRO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!11
E finalmente o monstro aparece, emitindo o seu berro e investindo contra os outros componenes da história.

OBSERVAÇÂO: O monstro fica a critério do apresentador.
Pode ser qualquer animal, exemplo: dinossauro, cachorro, morcego, aranha, reto, touro, barata ou a caricatura de um ser monstruoso.
O monstro emudece de vez e desaparece repentinamente.
Todos saem, ficando só Zeferino, que diz em tom solene.
Esse é mais um causo do menino Duquinha. Espera aí, do Duquinha ou do Zeferino?
ESTÂO AÌ NA CABEÇA DE OCÊS, ESTÀ AQUI EM MINHA CACHOLA.!!!! E vai ficar no ar, eles os monstros, existem?
Eu garanto que sim e o Duquinha também!!!!
 Encerra com um uivo tenebroso do monstro.
Todos voltam, cumprimentam o público, apresentam individualmente, até o monstro, e concluem a apresentação com um: ATÈ BREVE !!!!!! coletivo.

SEGUNDO EPISÓDIO:
O JUMENTO FALANTE
Volta Zeferino, Duquinha e Miguelina.
Duquinha pede com voz piedosa
 - Seu Zé, conta um daqueles causos que senhor contou lá na praça pra gente.
-Ah menino danado! Depois de me atrapaiar todo, vem pedir pra contar causos. Taí, num lembro de nenhum causo pra contar agora.
-Conta, conta vô - pede Miguelina.
-Conta aquele do jumento que sumia, fala Duquinha.
Zeferino -Tá bem, tá bem, vou contar, lá vai!
Zeferino -Numa pequena comunidade da roça, onde tinha mais ou menos de oito a dez morador, todo mundo plantava um pouco de tudo. Plantava só pra sustentar a família.
Miguelina - Plantava o que vô?
Zeferino - Plantava milho, feijão, mandioca, macacheira, batata, amendoim,abóbora, couve, coentro,hortelã, folhas de remédio e até planta de jardim. Cada plantação tinha seu tempo e era feita dento dos cercado, pros animal que ficava sorto nas estrada num cumê.
Duquinha- E tem bicho que fica pelas estradas.
Zeferino- Se tem! Cumeçou a aparecê por lá um jegue. Só chegava de noite. Primeiro ficava ali como quem não queria nada, andano pra lá e pra cá na frente das cancela e das porteira das roça. Parecia que tava quereno pedi uma coisa.
Duquinha- Ele queria pedir o que, seu Zé?
Zeferino - Tem paciença menino, espera eu contar o resto do causo.
Continuando Zeferino - Um dia Dona Esperança, uma das moradoras daquelas bandas, achou o tal jumento, ou jegue, que dá na merma coisa, dento de sua roça. Pegou um pedaço de pau a avançou no bicho. Foi aí que a muié quase caiu dura!
Duquinha - O jegue mordeu ela?  Bateu nela? Fala logo homem
Zeferino - Cala essa boca senão num conto o resto.
Miguelina - Cala a boca Duquinha!
Zeferino - O bicho fez mais, olhou no olho da muié, juelhou com uma mão e pediu pra deixá ele cumê um pouquinho do milho e do feijão e garantiu que no oto dia, ia tá ainda mais verde e mais bunito.
Duquinha - E ela acreditou?
Zeferino - Qui nada! Correu com o bicho de lá debaixo de pau. e foi assim com quse todos morador, até que chegou na roça de Sião. Era a rocinha mais michuruca do lugar. Mais também tinha tudo plantado e tava tudo verdinho. O jegue foi entrano e já foi abocanhano e cumeno tudo.
Duquinha - E onde tava o dono da roça?
Zeferino - Pois é. Quando Sião viu o estrago fez igual os outos. Foi pegando o pau....O jegue joelhou e pediu pa dexá ele cumê só um pouquinho, que no outo dia tudo ia amanhecê ainda mais bunito. Mais que nada, quem disse que Sião acreditô?
Miguelina - Aí expulsou o jumento a pauladas.
Zeferino - Que nada! A muié do Sião, muié boa e temente a Deus, pediu:(Zeferino imitando a voz da mulher)
Ô Sião, isso só pode sê sinal do céu, deixa o bichinho cumê só um pouquinho de um lado, que depois a gente tira ele.
Sem jeito e cum medo, Sião deixou o jegue falador dento da roça, com o coração na mão e pensano - o bicho vai cumê tudo e amnhã vai amanhecer só o chão.
No dia seguinte, bem cedinho, Sião correu pra roça pra ver o estrago em sua lavoura e botar o jegue pra fora.
Duquinha impaciente - E aí?
Zeferino - Aí nada. Nada de jegue, nem uma folha de milho tinha sido cumida. Não tinha rasto, não tinha buraco na cerca e as portera tava tudo fechada.
Duquinha - Nossa Senhora, o bicho era fantasma?
Zeferino - Até hoje ninguém sabe Duquinha. O que se conta   é que toda noite o jegue era visto comendo a roça de Sião e de manhã sumia sem deixá rasto, dexano a plantação cada dia mais verde e mais viçosa.Veio a chuvarada e destruiu todas as roça de todo mundo, menos a de Sião. Veio a seca e secou tudo, mais a roça de Sião continuava verde. Que isso continuou aconteceno, enquanto a muié de Sião era viva.
Duquinha e Miguelina juntos- E isso foi de verdade Seu Zeferino?
Zeferino - Se foi verdade ou não, eu também num sei porque num vi, mais tem gente que é viva até hoje, que diz que viu.
Cumprimentos ao público e agradecimentos finais.


           

Nenhum comentário:

6 maneiras de se sentir amado-Educa Bahia

 6 maneiras de se sentir amado Nós seres-humanos temos muitas necessidades físicas, psicológicas e emocionais e entre as mais importantes, e...