O HOMEM ESTRAGOU O MUNDO, SÓ ELE PODE SALVAR
O mundo dá muitas voltas
Assim é o velho ditado
Porém quem roda é a gente
O tempo fica é parado
Mas de uns anos pra cá
O mundo tá bem mudado
Para os que reza e tem fé
Diz a velha sabedoria
Prevenindo seus fiéis
Deus já afirmou um dia
Se o home mandasse no mundo
Os tempos ele mudaria
Isso a gente já tá vendo
O home tudo mudando
Acabando a natureza
As coisa boa estragando
O que não sabe fazer
O home tá desmanchando
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Em nome do tal progresso
As mata tão acabada
Árvore de mais de cem anos
Termina tudo queimada
Tem que esperar uns dez anos
Pra crescer se for plantada
Mudando o seu natural
Os rios são desrespeitados
Além de encher de lixo
Os cursos são desviados
Os paus que cresce nos lados
Pelos home é derrubado
Os peixe e os animais
Tão sumindo dos lugar
Já tá bem pertinho o dia
Que nem quero ver chegar
Que só na fotografia
Esses bichos vão estar
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Tem lugar que lá no céu
Não tem mais estrela não
Tem uma fumaça grossa
Que começa bem no chão
Tapando tudo lá em cima
É a tal poluição
O home tá tão ousado
Que chuva já fez armar
Tá viajando no espaço
Gente vai lá passear
Vê se né arte do cão
Vivo no céu ir morar
É tanta invenção do home
Carro, avião e trator
Nave, navio, edifício
DVD, computador
TV, som, vídeo os camabaus
Até um home robô
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Essas coisas é muito boa
Mas a uns atrapalhou
As “histórias de caronchinha”
Ninguém nunca mais contou
As máquinas hoje é quem faz
As vez do trabalhador
Tudo que é gente no mundo
Só presta se estudar
Não tanto para aprender
O que importa é se “formar”
Mesmo que naquele assunto
Trabai nunca vá achar
Alguém botou na cabeça
De toda população
Que pra gente ser feliz
Tem que seguir um padrão
Todo mundo tem que ter
Uma mesma vocação
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More ele onde morar
Desde a sua mocidade
Tem que estudar de pequeno
Depois fazer faculdade
Trabalhar ganhar dinheiro
E ir morar na cidade
Só que no nosso país
As faculdade não tem
Um bom punhado de curso
Que precisamos também
São de grande precisão
Pra que o home viva bem
Não tem curso de peão
De lavadeira ou padeiro
De pescador e gari
De lenhador e vaqueiro
Curso para lavrador
Aboiador e açougueiro
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São tantas as profissões
Que como as matas estão
Levadas pelo “progresso”
Caminhando pra extinção
Sendo substituídas
Por corrupto e por ladrão
No mundo tem que ter tudo
Cientista, mestre e doto
Todos esses estudados
e os que não estudou
Mas que tem a profissão
Que a vida lhe formou
Bom é se o home deixasse
Cada qual no seu lugar
Claro que o povo da roça
Também tem que estudar
Mas pra aprender umas coisas
Para a roça melhorar
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Aprender viver com os rios
E as matas não queimar
Plantar árvores nativas
Ao invés de derrubar
Conviver com a natureza
Aprender a preservar
Construir uma escola
Ali, no meio rural
Onde ensinasse a gente
Comer o que não faz mal
Onde os cuidado com a vida
Fosse assunto principal
Que os animais silvestres
Inclusive o beija-flor
Fosse assim tão importante
Como esse computador
Onde as profissões da roça
Também tivesse valor
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Uma escola onde a família
Pudesse falar de novo
Onde as idéias centrais
Às vezes não seja estorvo
Uma escola que aproveite
A cultura de um povo
Uma escola que repense
sobre a palavra educar
Que pense onde seu aluno
No futuro vai estar
Que ensine para a vida
Não apenas pra “constar”.
Enfim, que vale saber
Na teoria o que é mal
Que a terra “virou estufa”
Que tem extinção animal
Se eu ainda jogo na rua
O lixo do meu quintal?
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O mundo tá bem mudado
Preste atenção por favor
E tudo que deu errado
Foi o home que mudou
Bem feito, não se destrói
Aquilo que não criou
Bem que dava pra deixar
As coisas bem separada
Uns povo lá na cidade
Outros na mata fechada
Fosse assim e a vida era
Sadia e equilibrada
Mas não, o que o home quer
É mandar no mundo inteiro
Mostrar que ele é o maior
Mesmo sendo desordeiro
Destruindo a natureza
Só por poder e dinheiro
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Ainda dá tempo gente
Vamos deixar de ganança
Plantar e não destruir
Pense nas nossa criança
Se todo se unir
Ainda tem esperança
Mesmo com todo esse estrago
No home e na natureza
Se juntasse todo mundo
E usasse de esperteza
Não destruísse mais nada
O mundo era uma beleza
Num país desse tão grande
Se em cada região
Cada um dos brasileiros
Com a sua própria mão
Plantasse só uma árvore
Não acabava as mata não
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M as poucos tem interesse
A ganância vem primeiro
R ios, florestas, animais
I sso no Brasil inteiro
A lvo dos destruidores
J á tem o seu fim certeiro
O s home nem pensa nisso
S ó pensa é em ficar rico
E m poder e em dinheiro
M as já dizia os Profeta
A inda o dia vai chegar
C om usura o home pode
E m quantidade juntar
D inheiro sim, mas não vai ter
O onde, e o que ele comprar
FIM
BIOGRAFIA
Maria José de Lima Macêdo, filha de Cosme Antonio de Macêdo e Izabel Oliveira Lima, é a segunda de uma família de nove irmãos. Leitora de mundo e poeta diplomada pela vida e pelas belezas rurais.
Como a maioria dos irmãos, a Literatura de Cordel foi ponto alto em sua alfabetização e criação poética. Conviveu com João Grilo; Cancão de Fogo; Pedro Malazarte; Zé Pretinho; Cego Aderaldo e tantos outros.
É professora do Ensino Fundamental e usa o Cordel como recurso no aprendizado dos seus alunos.
Além de cordel, escreve poemas, crônicas, pesquisa, memórias; tendo a grande maioria dos seus trabalhos ainda sem editar.